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Intolerância à Lactose e Alergia ao Leite

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Intolerância à Lactose e Alergia ao Leite

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A lactose, presente exclusivamente no leite dos mamíferos, necessita de uma enzima chamada lactase-florizina hidrolase, para que seja absorvida e utilizada de maneira eficaz pelo organismo, na forma dos monossacarídeos glicose e galactose.

Na oitava semana de gestação, já é possível detectar a atividade da enzima no intestino, sendo que ela aumenta gradativamente, atingindo o pico de expressão próximo ao nascimento.

Foram identificadas três etiologias para a intolerância à lactose (ou hipolactasia), ou deficiência de lactase: congênita, primária e secundária.

A forma congênita é extremamente rara, é autossômica recessiva e está associada com uma atividade enzimática mínima, cuja terapia é totalmente dietética, considerando a exclusão da lactose desde o nascimento.

A deficiência primária é aquela que prevalece na maioria da população e se dá quando, após o desmame, ocorre uma redução geneticamente programada e irreversível da atividade da lactase (lactase não persistente).

A hipolactasia secundária, ou adquirida, refere-se à perda da atividade da enzima decorrente de patologias que causam danos à mucosa intestinal ou que aumentem significativamente o tempo do trânsito intestinal. Pode ser transitória e reversível.

Os sintomas observados em indivíduos com intolerância à lactose são decorrentes da passagem rápida do dissacarídeo para o cólon. No cólon, a lactose é convertida a ácidos graxos de cadeia curta, gás carbônico e gás hidrogênio pela microbiota (flora intestinal). Essa fermentação leva ao aumento da pressão dentro do cólon, podendo ocasionar dor e distensão abdominal. A acidificação do conteúdo colônico  e a elevação da carga osmótica, resultantes da lactose não absorvida, levam ao aumento do trânsito intestinal e podem causar uma diarréia. A intensidade dos sintomas, que também incluem flatulência e borborigmos (barulhos), varia dependendo da quantidade de lactose ingerida. Em alguns casos, pode ocorrer e redução da mobilidade intestinal e constipação, como consequência da produção de metano.


Alergia ao Leite:

A alergia às proteínas do leite de vaca envolve princípios completamente diferentes da intolerância à lactose.
Não existe alergia à lactose, pois, sendo um açúcar, a lactose não apresenta alergenicidade. Entretanto as proteínas do leite e as do ovo são as que causam maiores problemas às crianças de pouca idade. No caso da alergia, é muito difícil mudar os sítios ativos das proteínas, tornando-os inativos. A melhor forma é eliminar da alimentação as proteínas que contêm os sítios alergênicos ativos. Em alguns casos, ocorre também o que se chama de alergia cruzada, ou seja, os sítios alergênicos ocorrem também em proteínas de outros alimentos, além do leite de vaca.

A alergia ao leite de vaca é uma das alergias mais comuns em crianças, talvez porque o leite de vaca, usualmente, seja o veículo para a primeira proteína estranha introduzida no estômago das crianças. Embora o leite de vaca esteja implicado com problemas de alergia, cerca de 50% das crianças apresentam alergia simultânea às proteínas de outros alimentos que são os ovos, soja, amendoim, achocolatados, laranja, peixes e trigo (glúten). Cerca de 50 a 80 % das crianças que apresentam alergia ao leite também podem apresentar alergia a inalantes alergênicos, como pólen, pêlos (de gato, por exemplo), mofo, poeira de carpetes, etc. O uso exclusivo do leite humano até aos seis meses de vida reduz significantemente a incidência cumulativa de alergia ao leite de vaca, durante os primeiros 18 meses de vida.   

A alergia surge basicamente devido a dois fatores: predisposição genética (do pai ou da mãe) e introdução de alimentos potencialmente alergênicos antes dos seis meses de vida. Quando nascem, os bebês têm um sistema imunológico imaturo e dependem muito dos anticorpos do leite da mãe. O sistema digestivo não está preparado para substâncias que não venham do leite da mãe. O fator principal que causa a alergia é a introdução precoce na alimentação de substâncias que causam alergias. O risco é maior na infância, antes que os processos de adaptação e maturação aperfeiçoem as barreiras da parede intestinal. A incidência é maior em crianças que consumiram leite (que não o humano) muito cedo, talvez antes de três a quatro meses de vida, e aqueles que têm história de alergias na família. A menor exposição aos alimentos potencialmente alergênicos reduz as chances de alergias. As reações alérgicas ocorrem menos quando o leite de vaca é introduzido na alimentação após os seis meses de vida. A alergia está relacionada com a permeabilidade do intestino delgado a proteínas (ou peptídeos alergênicos) durante os primeiros meses de vida. Pequenas quantidades de proteínas dos alimentos podem ainda ser absorvidas através do intestino, durante a infância, e provocar alergias.


Tratamento

A exclusão de produtos lácteos da alimentação em razão da hipolactasia pode levar à deficiência de nutrientes, uma vez que o leite e seus derivados são uma importante fonte de proteínas, vitaminas, cálcio biodisponível e outros minerais. Em muitos casos, indivíduos com lactase não persistente podem tolerar bem o consumo de produtos à base de lactose em quantidades moderadas e, de preferência, combinados a outros alimentos, como café e cereais matinais.

A presença de cereais e outros sólidos na refeição, assim como temperatura dos alimentos e os conteúdos energético e nutricional, podem alterar o esvaziamento gástrico e elevar o tempo de trânsito intestinal por várias horas. O maior tempo de exposição da lactose no intestino delgado pode levar ao aumento da atividade da enzima sobre a lactose, evitando, assim, um quadro de diarréia ou obstipação intestinal em alguns indivíduos.

Diante de um quadro de intolerância à lactose deve-se dar preferência a produtos com baixo teor de lactose ou à base de soja. Mas essa substituição vai variar dependendo do quadro clínico e idade de cada indivíduo. Portanto é importante a consulta de um médico nutrólogo e/ou de um pediatra para uma orientação adequada.


Baseado no artigo: “Hipolactasia e intolerância à lactose”-Revista Nestlè Bio Nutrição e Saúde Ano 5 nº15.

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